quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Amor é fogo que arde sem se ver



"Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?"

Luís de Camões

Este é um dos poemas de camões que mais gosto "o amor é fogo que arde sem se ver".
Este soneto é uma definição poética do amor. Como se Camões quisesse definir este sentimento indefinivel e explicar o inexplicavel, inventando imensos contrastes para caractrizar este "mistério".
O poeta parece chegar a uma conclusão, expressa pela interrogação no último terceto.
A forma do soneto bem corresponde ao tema do poema.
Podemos dizer que à primeira vista é um jogo renascentista, mas depois descobrimos o sentido profundo do poema. E nisso encontramos a arte do autor nesta capacidade de tomar de leve (como se fosse jogo) um tema que nos faz pensar profundamente em problemas psicológicos bastante complicados.


Andreia Pereira
Nº 6

1 comentário:

Anónimo disse...

Já que tava no blogue... aproveitei... olha, Bom Natal