domingo, 27 de dezembro de 2009

VII - Regresso


Nessa noite, não dormi.
Só pensava naquele tipo que me apareceu à frente para me dar... Oh, bolas! A minha pulseira... Nem na pulseira agarrei... Era mesmo o desastre em pessoa... Enfim... Estava feita!
Mas... como é que era possível... a voz, o aspecto.. tudo, tudo, tudo nele me fazia acreditar, sem dúvida alguma, que era Angel que falou comigo, sem ser num sonho!!!
Estaria eu louca?? Não... louca eu não estava... mas então como era possível???
Fui à varanda do meu quarto. Uma brisa calminha despenteava-me o cabelo. A lua iluminava-me. Eu não dormia. Não queria dormir. Nem que tivesse de despejar um quilo de café para o meu organismo descafeinado.
Levei as mãos à cabeça e despenteei o meu cabelo sem ter noção do que fazia. Nem tudo tem de ter uma razão, certo? Ok, estava mesmo louca!!!
- Isto não me está a acontecer! Isto não me deve estar a acontecer! Isto não me pode acontecer!
Já falava sozinha. Só me faltava arranhar as paredes e bater com a cabeça no chão.
Não parava de ver aquele rosto a olhar para mim tão confuso quanto eu. Diria mesmo, assustado. " - Eu conheço-te de algum lado...", dissera-me ele. Óbvio que conheces, meu cromo! Apareceste nos meus sonhos e... ahhhhhhhhhhhhh! Maldição. Dei um pontapé na parede. Óbvio que ela reagiu e quem se magoou fui eu.
Cedi. As minhas pernas cederam. Os meus olhos cederam. Todo o meu corpo cedeu. E fiquei deitada no chão.
Como era possível??? Um sonho é um sonho. Ou... um sonho poderia não ser apenas um sonho??
Angel não podia existir na vida real. Era um fruto da minha imaginação. Ou não???
Ouvi um barulho. Abri os olhos e logo me ergui. Agarrei-me às grades da varanda e espreitei para baixo.
- Estás à procura de algo??
Dei um salto. Quase que jurava que estive à beira dum ataque cardíaco.
- Como é que...? - calei-me. Medricas como eu era, desatei a correr para o meu quarto e tranquei-me a sete chaves.
Tinha a respiração tão acelerada que nem sentia as partículas de oxigénio a entrar nos meus pulmões. Era impossível!
- Porque foges de mim?? Eu não mordo.
Soltei uma gargalhada alta e sarcástica.
- Jura??? Neste momento, fazes-me lembrar o Edward Cullen, um vampiro!
Ele riu-se, calmo, perante a minha voz aterrorizada.
- Andas a ler demasiado. A tua imaginação sempre foi demasiado produtiva.
- A sério??? Então, o que és tu?
Ele calou-se. Agarrou-me na mão e tirou-a do puxador da porta que, muito me admiro não ter sido arrancado, tal era a força que eu lhe tinha "aplicado".
Entrou a luz do luar pelo meu quarto. Ele fitou-me e disse-me:
- Regressei, Jessie. Mas para o mundo real!

JMF*10

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