terça-feira, 21 de abril de 2009

Não é preciso grande proximidade. Uns metros antes de chegarmos ao portão já percebemos com clareza o ambiente que se vive!
Escola Secundária com 3 ciclo Afonso de Albuquerque da Guarda – uma pequena amostra da nossa sociedade? Claro que sim.
É nas escolas que nos criamos e educamos, é lá que aprendemos e orientamos os nossos planos de futuro. É naquele edifício, verde e azul gasto, que nos preparamos para o resto das nossas vidas e é por isso que tudo o que fizermos agora vai influenciar o todo que iremos ser.
Logo de manha as pessoas juntam-se em pequenos aglomerados ao portão que dividem os grupos de alunos, cada um no seu lugar e com as pessoas habituais.
Sem variar, somos rotineiros e sempre com os mesmos amigos cumprimentamos com um sorriso forçado cinco ou seis pessoas fora do nosso “grupo”.
Normalmente quando chego já está tudo organizado, não parece tão natural como é! Às oito e vinte da manhã, a maioria está acabar o cigarro ou apenas à espera que os amigos o acabem ou então à espera de alguém que se atrasou.
Tudo muito organizadinho e por uma ordem extremamente rígida e inata todos os dias à mesma hora estamos no mesmo lugar, com as mesmas pessoas a fazer exactamente a mesma coisa, mostrando a mesma atitude aborrecida que se encontra num empresa, com os mesmos funcionários à centenas de anos, sem mudanças, sem novas aspirações, embora aqui as pessoas mudem anualmente, os estereótipos mantêm-se.
Depois de entrarmos no portão, as turmas organizam-se por corredores e esperam para começar mais uma aula, mais um dia.
Às dez horas, quem fuma vai ao portão e o resto (a minoria dos não fumadores) divide-se pelo liceu.
O “bar pequeno” está cheio e a essência dos bolos, dos cremes e chocolates confunde-se completamente com a qualidade e quantidade de perfumes dos alunos, professores e funcionários; com o passar do tempo há cada vez mais barulho, mais risos, mais vozes e cada vez mais palavras soltas, tantas vezes apanhadas do nada. A fila é grande, e ao contrário do que se passa de manha no portão, é completamente desorganizada. Há quem lute arduamente por uma senha, como se não houvesse papel para todos… Mas a pressa de fazer tudo aquilo que não há para fazer é tão grande que não se respeita, nem pouco mais ou menos, a ordem de chegada.
Após o pequeno-almoço tardio, um curto passeio!
No sector C está o bar grande, a papelaria e os alunos mais novos, do básico, que a cada geração que passa se tornam mais áridos, obscenos e extravagantes. Subindo as escadas, chegamos ao salão! O tão aclamado salão, que vai diminuindo de pessoas, mas aumentando com personagens que são tão características como degeneradas.
Parando durante um tempo poderemos observar de tudo um pouco. As divisões do espaço e pessoas continuam presentes e as figura dos alunos tornam-se de alguma forma a “montra de uma loja”. Uns sentados nos aquecedores falam com os amigos e tentam conhecer mais gente, provavelmente por motivos sociais, alguns ficam pelo meio do salão ou passeiam por lá simplesmente para se mostrarem, para se exibirem e exporem o que vestem e têm. Assim, o salão declama uma passagem de modelos materialistas e preocupados com a opinião dos outros acerca da sua imagem e forma de vida. Tantos que se encontram abstraídos do espaço e tempo onde estão que não parece possível... E o salão, parece assim, um modelo em pequena escala do que se passa no nosso mundo.
Limitamo-nos às aparências e no que pensam de nós. Tentamos chegar longe a partir das pessoas que conhecemos e não pelo nosso esforço e capacidade mental. Formámos uma hierarquia baseada no parecer e em vez de compormos o que está mal, afundamo-lo e escondemos para nem sequer termos de o enfrentar. Admiramo-nos porque a sociedade esta corrupta e apodrecida, mas se tudo começa na escola e a nossa está assim, não seria melhor duvidarmos da possibilidade de termos uma sociedade boa?
E por isto tudo, seria melhor podermos afirmar que tínhamos uma nova geração, alterada e diferente da antiga em alguns aspectos. Contrario é bom, quando a nossa sociedade está estragada. Questionarmos, pormos em causa o que nos está a acontecer. Procurar soluções agora que estamos na idade das questões e da obstinação. Mexermo-nos e tornarmos possível a mudança para uma vida melhor.

(Por alguma critica excessiva peço desculpa, mas como individuo tenho preconceitos e quando escrevo, os meus preconceitos acompanham-me e as minhas opiniões e crenças também. Talvez seja uma sátira exagerada mas é a minha perspectiva, talvez um pouco critica de mais, mas como aluna e pessoa tenho a minha opinião formada e foi exposta da melhor forma que consegui.
Sei que estou a criticar tudo aquilo onde estou, onde passo os meus dias, que na realidade gosto e onde pertenço, mas verdade é que todos sabemos que o nosso mundo tem muitos problemas e esses problemas têm de ser resolvidos.
Nós, como “nova geração”, como sendo o futuro do nosso país devemos lutar para o melhorarmos e não nos resolvermos a ser iguais, equivalentes a sociedade que vivemos, pois para alterar os males do mundo é necessário um espírito activo, um espírito rebelde de forma positiva, de modo a que se questione o que vivemos, de forma a que tudo o que esta errado se recomponha com a ajuda de todos nós.)

Bárbara Inês Gonçalves de Almeida Xavier
Nº7

1 comentário:

Marta Costa nº22 disse...

Tens razão Bárbara... Não és a única a pensar assim... Os nossos dias são rotineiros, fazemos todos os dias as mesmas coisas, damos exactamente os mesmos passos!
Era bom que houvesse uma maneira de mudar a nossa sociedade estudantil! :'D