domingo, 27 de dezembro de 2009

VI - Confusa


Sentia a cabeça pesada, prestes a explodir. Nada daquilo era real nem imaginário.
Eu não tinha estado em coma, apenas tinha tido um sono prolongado, do qual acordara com vestígios dolorosos.
Tinha dormido umas 13 horas. Que horror!
Tinha sonhado (ou pesadelado?) que tinha entrado em coma e durante esse meu estado "vegetativo" tinha... bem, esqueçam! O resto vocês já sabem...
Tinha de voltar ao mundo real. Tinha de me levantar e de me vestir.
Precisava de ir à rua comprar algo para o almoço. Sim, porque estava prestes a morrer de fome e já eram horas de almoçar.
Preparei-me, retirei uma maçã do frigorífico e saí.
Estava um dia espectacular: o sol brilhava imenso e fazia bastante calor. O céu era tão azul, tão azul, que parecia... humm... azul.
Estar tanto tempo sem ter os olhos abertos e a lidar com Angel no meu sonho-não-coma, fazia-me piscar a cada 30 segundos... Não era eu que piscava, mas os meus olhos. Bah! =\
O meu inconsciente andava muito manhoso e não me apetecia nada lidar com aquilo. Porque sempre que algo aparece na nossa vida e nos afeiçoamos a isso, tornamo-nos exigentes, querendo sempre mais e mais. E quando isso não é possível, tornamo-nos rabugentos, magoados, e com uma enorme vontade de partir tudo o que se encontre à nossa frente. Sentimos saudade e desespero, mágoa e frustração... Além disso...
- Olha, deixaste cair isto!
Olhei em direcção à voz que me arrancava do meu momento de abstracção.
"Humm, ok, obrigada", queria eu dizer, mas quando vi aquela figura, não consegui dizer nada.
Fitámo-nos infinitamente... Ele... ele tão espantado quanto eu.
O braço que estendera na minha direcção para me entregar a pulseira que caíra sem eu dar por isso, caiu ao lado do seu corpo.
-Eu... conheço-te de... algum lado... - disse-me ele, com a voz a tremer.
Sentia o meu corpo a ceder. Tinha de fugir dali. Aquilo não podia estar a acontecer. Era impossível, surreal.
Antes que deixasse o meu corpo ceder perante o peso que carregava no meu pensamento, desatei a correr, deixando para trás a minha pulseira nas mãos da fonte de toda a minha confusão: Angel.

JMF*10

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