quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Content'Ode (Ode aos Contentores)


Entro naquele cubo sem sentido,
Naquele cubo arrefecido sem calor, onde o cheiro por vezes é tão intenso
Que tal intensidade intensifica o meu mal estar
Sem desejo de ficar e ir dar uma volta para apanhar ar...

Brrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr......rrrrrrrrrrrrrrrrrrr Ó frio maldito
Que não foges e nos deixas até ao fim.... Ó janelas,
Ó grades, Ó cadeiras...
Ó mesas, Ó quadros, Ó luzes...
Ó ar condicionado que me deixas constipar
Que me fazes espirrar, dando-me sono para me deitar...
Ó terrifico és tu que tornas o ar irrespirável
De tão respirável se possa tornar!

Buuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuummmmmmmmmmmmm!
Mais um estremecer, uma máquina a desfazer a calma que poderia me restar
Uma loucura enlouquecida, tão morta e tão vivida
Sinto-me prestes a rebentar!
BummmmmmmmmmmmmBummmmmmmmmmmmBummmmmmmmmmmm!
Acabai com a barulheira duma só vez
É o meu último ano... Sê cortês, já que o Baile nem se sabe onde se irá realizar!
BummmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmBummmmmmmmmmBummmmmmmmmm!
Tocai tambores e cornetas, guitarras e flautetas, abram alas para podermos passar!

Ó salão que nos acolhes e nos apertas até ao bar!
Ó matraquilhos que matraquilhais e o vosso som explode os meus tímpanos em partículas de azar!
Ó pessoas e pessoazinhas que nunca andais tanto tempo sozinhas com medo que a grua vos possa atacar!
Ó terríveis! Ó impiedosos! Ó trabalhadores sem trabalho para realizar
Que levastes a escola e deixaste-nos a esfriar!

Ó contentores, ó caixotes, ó monoplural! Nem tendes um nome fixo
Para nos fixar!
Ó tractores, ó gruas, ó berbequins!
Ó chuva, ó frio, ó frenesim!
Ó loucura, ó início sem fim!

Ahhhhhhhhhh! Ahhhhhhhhhh! Ahhhhhhhhhhh!
Gritai a som alto, libertai o ruído que se acumula em vós
Saltai barreiras, fechai portões, soltai a voz!!!

ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZzzzzzzzzzzzzzzz!
Adormecei para que possamos ter paz, fazer um teste sem tremores nem batuques!
Adormecei para que possamos fazer da paz, a guerra que nos faça escutar!

Ó temíveis temidos! Terrores sentidos que já não consigo suportar!

Brrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr... Tlim tlim tlim tlim
Cai a chuva para naufragar... Oh que pena!
Oh que horror! Ohhhhhhhhhhhhhhhhhh! O ar condicionado não dá mais
Vamos lavar os pés em vez de aprender e escorregar ao tentar sair!
Oh que pesaroso! Oh que tortuoso! Vamos escrever gelo em vez de metais!
Loucura sem sentido diluída ao pé do bar, do ar, do mar!

Ehhhhhhhhhhhhhhhhhh! Acordai vivalmas, queremos pô-los a andar!
Pinga a água na cabeça e lá se vai o conhecimento pelo ar...

( Belos foram os momentos passados
Em que tinha um aquecedor para me encostar...
Chegava e aconchegava para do frio escapar...
Não havia ruído tão profundo nem silêncio tão perturbador
Nem grades na janela que me fizessem sentir como hoje estou...
Presos num cubículo, onde o cubo esvaziou, inundou, pegadas criou...)

Oléééééé! Oleeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee!
Sob o sol fazemos a tourada para os outros que tentam estudar...
Lá dentro estivemos nós e cá fora estaremos
Tememos quando chover e quando nevar!
Flocos se erguerão, se pisarão no chão, dentro e fora sem cessar!

Ó pestes pestilentas, Ó gripes e gripalhadas
Não sejais abençoadas! Não Não Nãoooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo!

Eláááááááááááááááááááááá! Vai um de skate lá fora a passar
E outro a escapar sem escapadela possível dela
Sensivelmente sem sensível! Oh loucura temível!

Hoooooooooo Hoooooooooooo Hooooooooooooo
Aproveitar um contentor para a visita do Pai Natal:
tem o frio e o gelo, menos as cores festivas e alegres!
Passará ele nas portas? Ou será pela janela?
Lamento muito, essa é estreita como uma vela!!!

Lá se vai o natal... ohhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhohhhhhhhhhhhhhhhohhhhhhhhhhhhhh!

Ai! Quem me dera que a escola não fosse resumida a um simples contentor!


JMF*10

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