Os Grandes olhos inchados que nadavam em água fria penetravam o além, fixados na parede branca á sua frente. Nada fazia para prender as lágrimas, nada fazia para as deixar correr, apenas permanecia imovel, com os seus olhos negros bem abertos, fazendo escorrer as gotas de água salgada pela sua face branca, percorrendo toda a sua pele seca, sem pestanejar. As almofadas já molhadas aconchegavam-na, fazendo-a sentir-se mais segura, naquele momento, verdes-escuras e azuis-petroleo entristeceram junto da sua mente. Levantou-se para abrir a presiana que teimava em descer, o vento embatia contra a sua janela e as gotas esbranquiçadas, caiam, pelo vidro iluminado de escuridão, que nem o seu olhar terno e desfocado conseguia superar...
Hoje, já com um sorriso rasgado, ela senta-se ao frio, embaciando a janela e rompendo de primavera, de cheiros leves e aromas frescos. Hoje, os cabelos castanhos contrastam com o branco da neve e o cair suave dos flocos macios encantam-na, fazendo-a sorrir e abrilhantar o seu olhar fixo e constante...
Amanha sentirá o silencio da manhã e a claridade do sol, que ainda distante, a faz acordar.
Inês Corveira
nº13 - 11ºC
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